Cora Coralina

Cora Coralina – Estas mãos

Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.

Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heroico emocionante:
– Dei Ouro para o Bem de São Paulo.

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Íntimas da economia,
do arroz e do feijão
da sua casa.
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha.
Da cinza da fornalha.
Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabão.

Minhas mãos doceiras…
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.

Mãos de semeador…
Afeitas à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes
Procurando a terra.
Semeando sempre.
Jamais para elas
os júbilos da colheita.

Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.

Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar.
Sozinha a procurar,
o ângulo prometido,
a pedra rejeitada.

 

Cora Coralina, Meu livro de cordel

Tudo é Poema

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  • Minhas memórias afetivas. Foram criadas desde a infância aprendendo com poemas usei esse método para viver meus melhores dias em sala de aula. Com alunos infantis. Elias José. Ana Maria Machado...com os adolescentes. Com Gil. Claudinho e Bochecha... Com os adultos Cora Coralina e outros autores de textos ricos na realidade do povo do Meu Brasil. Do passado. Do PRESENTE e do futuro. Quem ama podia nunca deixa de sonhar. Vive. Somente vive um dia de cada vez renascendo com memórias maravilhosas. Francisca Eva. Simplesmente Evinha❤️

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