Eu vestia um mandrião
recortado e costurado para mim
de uma saia velha da minha bisavó.
E como aquele mandrião
me fazia feliz!…
Eu tinha um mandrião…
Eu vestia um antigo mandrião
recortado e costurado para mim
de uma saia velha
da minha bisavó.
Eu brincava, rodava, virava roda,
e o antigo mandrião se enchia
de vento balão.
Aninha cantava, desentoada, desafinada,
boba que era.
Meu mandrião, vento balão,
roda pião, vintém na mão.
Os grandes exploravam.
Irônicos, sarcásticos.
“Faz caramujo, Aninha.”
Aninha, a boba,
rolava no chão,
fazia caramujão.
Riam e diziam:
“é boba mesmo.”
Cora Coralina, Vintém de cobre