Perdoa-me poeta.
Tão tarde o conheci!
Tantos cantores pelo mundo…
Para minha ignorância
eras mais um dentre eles.
Foi assim que não pedi a Deus
poupar-te a vida
e ficares para sempre
semente viva, incorruptível,
de beleza excelsa e universal.
Ninguém me disse antes.
Ninguém me disse nada.
Ninguém me fez a doação fraterna
de um livro teu.
Perdida no meu sertão goiano,
Só o teu nome, Pablo
Só o teu apelido crespo, Neruda,
Chegaram a mim…
E eu a pensar que foste apenas
um grande poeta entre outros grandes…
Foi assim que não pedi ao Criador
Poupar-te a vida
e ficares para sempre.
Semente viva e luminosa,
sementeira e semeador,
semeando o pão e o vinho
da tua poesia
na terra faminta, desolada e triste.
Cora Coralina, Meu Livro de Cordel