Poeta. Quando te foste para sempre
plangeram os sinos da
terra e silvaram todas as sirenas
dando aviso no universo.
Partiu-se o fio de ouro filigrana
da tua poesia universal.
Em que estrela remota
terá pousado tua cabeça
de poeta total?
Grande cantor das Américas,
domador insigne desse potro
bravio que descantas.
Indomado ao buçal e ao freio
com que tentam quebrar
sua rebeldia xucra.
Grande poeta.
Teu corpo gélido vai se desintegrando
molécula após molécula
na terra fria de Temuco,
e vai se integrando de novo
no grande todo universal.
E eu o vejo comandando
no etéreo todos os potros
indomados da Terra.
Cora Coralina, Meu Livro de Cordel
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