Os morros cantam para meus sentidos
a música dos vegetais
que se movem ao vento.
As pedras imóveis me enviam
uma bênção ancestral.
Debaixo da minha janela
se estende a pedra-mãe.
Que mãos calejadas
e imensas mãos sofridas de escravos
a teriam posto ali,
para sempre?
Pedras sagradas da minha cidade,
nossa íntima comunicação.
Lavada pelas chuvas,
queimada pelo sol,
bela laje velhíssima e morena.
Eu a desejaria sobre meu túmulo
e no silêncio da morte,
você, uma pedra viva, e eu,
teríamos uma fala
do começo das eras.
Cora Coralina, Villa Boa de Goiaz
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