Esta profunda e intérmina esperança
Na qual eu tenho o espírito seguro,
A tão profunda imensidade avança
Como é profunda a ideia do futuro.
Abre-se em mim esse clarão, mais puro
Que o céu preclaro em matinal bonança:
Esse clarão, em que eu melhor fulguro,
Em que esta vida uma outra vida alcança.
Sim! Inda espero que no fim da estrada
Desta existência de ilusões cravada
Eu veja sempre refulgir bem perto
Esse clarão esplendoroso e louro
Do amor de mãe – que é como um fruto de ouro,
Da alma de um filho no eternal deserto.
Cruz e Souza, O livro do derradeiro
Sem comentários