Dylan Thomas

Dylan Thomas – Amor no hospício

Uma estranha chegou
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça, 
Uma jovem louca como os pássaros

Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem 
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus

Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos, 
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.

Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante, 
Possuída pêlos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade 
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.

E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato 
Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.

Dylan Thomas, Poemas reunidos 1934-1953

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