Aquela que em ti comemora,
aquela que está a te beijar agora,
dá carinhos serenos aos teus desesperos,
dá desurgências aos teus agoras.
Outra mulher, outra senhora,
te acarinha de noite.
Coroa a loucura dos teus afazeres
com beijos serenos, pequenos e bons,
e mais geleia de amora.
Outra mulher,
não eu,
habita os teus sonhos de alcova.
Mas tu não te entregas sem hora.
As coisas do nosso amor te remoendo,
e já é aurora.
Outra mulher,
não eu,
te devora.
Promete ser tua,
promete nem considerar o que doeu, se doeu.
Mas dentro de ti ainda namora
uma mulher que tilinta,
aquela que tu dizes que está fora,
aquela que em ti se demora,
aquela que em ti ainda vigora,
ah, essa mulher sou eu!
Elisa Lucinda, A fúria da beleza