De tal modo é
que eu jamais negá-lo poderia:
sou agarrada na saia da poesia!
Para dar um passeio que seja,
uma viagem de carro avião ou trem,
à montanha, à praia, ao campo,
uma ida a um consultório
com qualquer possibilidade, ínfima que seja, de espera,
passo logo a mão nela pra sair.
É um Quintana, uma Adélia, uma Cecília, um Pessoa
ou qualquer outro a quem eu ame me unir.
Porque sou humano e creio no divino da palavra,
pra mim é um oráculo a poesia!
É meu tarô, meu baralho, meu tricô,
meu I-ching, meu dicionário,
meu cristal clarividente,
meus búzios,
meu copo com água,
meu conselho,
meu colo de avô,
a explicação ambulante pra tudo o que pulsa e arde.
A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria,
e bíblia, dos que, como eu, creem na eternidade do verbo,
na ressurreição da tarde e na vida bela.
Amém.
Elisa Lucinda, Poesia do encontro