Elizabeth Acevedo

Elizabeth Acevedo – As próximas duas semanas

Passam como um trem expresso,
e antes que eu perceba,
outubro esfriou o ar,
e estamos todos enrolados em
casacos e jaquetas.

Eu tento evitar a Sra. Galiano,
que sempre me lembra de que
eu seria muito bem-vinda
no clube de poesia.

Aman e eu temos diferentes
intervalos, mas caminhamos juntos
até a estação depois da escola,
ouvindo música ou só aproveitando o silêncio.

Acho que nós dois queremos fazer mais,
mas eu ainda sou muito tímida, e ele ainda é muito… Aman.
O que significa que ele nunca me pressiona,
e eu acabo me perguntando se ele é respeitoso,
ou se apenas não gosta de mim desse jeito.

Mas ele não estaria passando tanto tempo comigo
se não estivesse a fim de mim, certo?
E, embora eu ainda queira ficar sentada durante a comunhão,
eu me levanto toda vez, coloco a hóstia na boca,
e depois a grudo embaixo do banco.
Minhas mãos tremem menos a cada vez.

O mais difícil são as terças.
Quando fico na aula de crisma
sabendo que poderia estar no clube de poesia,
ou escrevendo, ou fazendo qualquer outra coisa
que não tentando não ouvir tudo o que o padre Sean diz.

E eu finjo bem.

Pelo menos até o dia em que
eu abro minha boca, em geral calada,
e decido perguntar ao padre Sean
sobre Eva.

Elizabeth Acevedo, A poeta X

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