Eu sou inescondível.
Mais alta até que meu pai, com o que Mami sempre chamou de
“corpo demais para uma menina tão nova”.
Eu sou o bebê com muitas dobrinhas agora assentadas em peitos grandes demais e quadris ondulantes,
então os meninos que me chamavam de baleia no quarto ano
agora me pedem fotos de biquíni.
Outras meninas me chamam de metida. Puta. Dada.
Quando seu corpo ocupa mais espaço do que sua voz
você é sempre alvo de boatos certeiros,
e é por isso que deixo meus punhos falarem por mim.
E é por isso que aprendi a não ligar quando meu nome dá lugar a insultos.
Forcei minha casca a ser tão grossa quanto eu.
Elizabeth Acevedo, A Poeta X