Elizabeth Bishop – Insônia
A lua no espelho do psichê
contempla milhões, milhões de milhas,
(de si mesma orgulhosa pode ser,
porém ela jamais, jamais sorri)
desertas extensões além do sono,
ou talvez ela durma só de dia.
Se por acaso a abandonasse o Universo
ela sim, o mandaria ao inferno
e um espelho d’água encontraria,
ou um outro qualquer, onde viver.
Enrola teus cuidados numa teia
de aranha e joga-os, pois, dentro do poço,
para o mundo de ponta cabeça,
onde a mão esquerda sempre é direita,
onde as sombras são o corpo real,
onde estamos despertos toda a noite,
onde os céus são tão rasos quanto os mares
são profundos, e onde agora tu me amas.
Elizabeth Bishop, Poemas