É preciso nomeá-lo assim, à distância: o indivíduo;
que, recluso, pouco a pouco se faz surdo e pode,
por isso, baixar em seu aparelho o volume
do mundo e reduzi-lo, se quiser, à mímica
sem sentido que lhe parece ser o sentido de tudo;
o indivíduo mouco transmuta a vida em rádio;
e mais, dizem que é doido quando, se não bastasse,
está constantemente assim, mudo, sem marcas
de dor ou gozo em seu rosto; por fim, a terra
é de cegos mas ele traz os dois olhos bem abertos.
Eucanaã Ferraz, Sentimental
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