Dizem nada como um dia após
o outro
como se o dia seguinte viesse
inevitável um remédio
um diamante mas há dias em que
o dia após o outro não é nada
mais que um dia idêntico
ao de ontem
um dado
com todos os lados o mesmo relógio
magro desses que nos devoram
rápidos e vão embora o diabo o dá
o diabo o leva
o dia seguinte
pode ser só a res-
saca ou aquele em que desaba
a catástrofe um dia após o outro dizem
como se nos ensinassem a nadar:
os braços assim, à frente, o outro
agora o outro, isso,
e lá vamos nós adiante braçadas
contra o calendário
até que – às vezes é assim
morremos hoje – um após
o outro virão dias
e dias sem nós
sem que nunca venha
o dia do juízo.
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