Às vezes sinto vontade de faltar com a verdade,
Ser cínica, mas nunca vil,
nem mesmo mentirosa.
Omissa?
Não, omitir é para os fracos!
Talvez irônica,
Dúbia.
Charmosa, claro.
Eu contaria um pouco aqui,
Um pouco ali.
Com o tom certo, bem calmo
Ou não – dependendo para quem
Conto.
Os amantes – homens ou mulheres – não me cobrariam tanto,
E eu poderia ter quantos eu quisesse.
Mas é que a verdade é excitante, máscula,
Como uma espada.
Aqueles que gostam da lâmina, os poucos, irão lambê-la.
E eu gosto de ser lambida pela coragem.
A língua que lambe pode se ferir,
Assim como quem diz a verdade.
Por isso decidi contá-la.
Fernanda Young, A mão esquerda de vênus