Qual é a tarde por achar
Em que teremos todos razão
E respiraremos o bom ar
Da alameda sendo verão,
Ou, sendo inverno, baste ‘star
Ao pé do sossego ou do fogão?
Qual é a tarde por voltar?
Essa tarde houve, e agora não.
Qual é a mão cariciosa
Que há de ser enfermeira minha —
Sem doenças minha vida ousa —
Oh, essa mão é morta e osso …
Só a lembrança me acarinha
O coração com que não posso.
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas
2 Comentários
Aparecida A. M.
26/03/2018 at 18:54Muito bom!
Aparecida A. M.
26/03/2018 at 18:58Nem sempre posso ler toda poesia, apesar de ter um espírito poeta…