Você não precisa ser tão doce
nem me azeitar tanto,
nem me embebedar dos cantos das
sereias.
Você não precisa fazer coisas
adoravelmente feias
para me subjugar.
Deixe apenas a pele falar com veemência,
que dela me alimento,
com devoção e dependência,
que nela me visto
e arrisco viver subcutânea.
Núcleo,
barro,
cerne,
massa.
Colada ao plasma,
a cada célula que se destaque e se desfaça,
assim como uma liga,
feito visgo,
feito viga.
Você não precisa se empenhar
para me fazer render subordinada,
se sua pele me mantém amalgamada
como se nascera talvez do seu olhar.
Você não precisa mesmo fazer nada.
Basta estar.
Flora Figueiredo, Amor a céu aberto