Como amo a paz de estar comigo!
Essa fusão de alma-umbigo,
esse roteiro quente do meu sangue.
Eu que conheço cada palmo dos meus passos,
que me retenho e me disponho.
Faço dos versos meu avesso,
dos adversos, meu passado,
das alegrias, meu recomeço.
Deito liquefeita e, de repente,
amanheço solidificada.
Sou água, sou pedra,
às vezes nuvem,
às vezes nada.
Por ser inconstante e difusa,
enrolo e desenrolo essa vida
num movimento mágico e confuso,
admito ser ou não ser
e ser assim.
Como é bom sentir-me tão querida,
tão bem-amada e tão dividida,
eu resolvida inteiramente por mim!
Flora Figueiredo, Florescência
No Comments