Altiva e couraçada de desdém
Vivo sozinha em meu castelo, a Dor…
Debruço-me às ameias ao sol-pôr
E ponho-me a cismar não sei em quem!
Castelã da Tristeza vês alguém?!…
– E o meu olhar é interrogador…
E rio e choro! É sempre o mesmo horror
E nunca, nunca vi passar ninguém!
– Castelã da Tristeza, porque choras,
Lendo toda de branco um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?…
Castelã da Tristeza, é bem verdade,
Que a tragédia infinita é a Saudade!
Que a tragédia infinita é Nunca Mais!!
Florbela Espanca, Soneto Completos