Corre a noite, de manso num murmúrio,
Abre a rosa bendita do luar…
Soluçam ais estranhos de guitarra…
Oiço, ao longe, não sei que voz chorar…
Há um repoiso imenso em toda a terra,
Parece a própria noite a escutar…
E o canto vai subindo e vai morrendo
Num anseio de saudade a palpitar!…
É o fado. A canção das violetas:
Almas de tristes, almas de poetas,
Pra quem a vida foi uma agonia!
Minha doce canção dos deserdados,
Meu fado que alivias desgraçados,
Bendito sejas tu! Ave-Maria!…
Florbela Espanca, Poesia de Florbela Espanca
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