Florbela Espanca

Florbela Espanca – Pobrezinha

florbela espanca
image_pdfimage_print

Nas nossas duas sinas tão contrárias 
Um pelo outro somos ignorados: 
Sou filha de regiões imaginárias, 
Tu pisas mundos firmes já pisados. 

Trago no olhar visões extraordinárias 
De coisas que abracei de olhos fechados… – 
Em mim não trago nada, como os párias… 
Só tenho os astros, como os deserdados… 

E das tuas riquezas e de ti 
Nada me deste e eu nada recebi, 
Nem o beijo que passa e que consola. 

E o meu corpo, minh′alma e coração 
Tudo em risos poisei na tua mão!… 
…Ah, como é bom um pobre dar esmola!… 

Florbela Espanca, Reliquiae

Você gostou deste poema?

Você Pode Gostar Também

Sem comentários

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.