Se a morte, d’olhar grave e pensativo,
Dissesse à mãe piedosa de Jesus:
“Teu filho é homem nos teus braços, vivo:
Morto, teu filho será Deus na Cruz.
Em teus braços deseja-lo cativo,
Ou morto e Deus, jorrando sangue a flux,
E a toda a angústia dando um lenitivo
E a toda a escuridão perpétua luz?”
Que respondera, em lagrimoso anseio,
Cravado o olhar nos astros sempiternos,
A mãe de Cristo unindo o filho ao seio?
Desprenderia de seus braços ternos
O filho amado? Talvez não!… Dizei-o,
Dizeio-o vós ó corações maternos!…
Guerra Junqueiro, Cinco séculos de sonetos Portugueses
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