Stela, me perguntaram
se permaneces no tempo.
Se teu rosto de coral
e teus cabelos de pedra
ficarão indefinidos
no espaço, pedindo sol.
Ainda ontem te vi.
Olhar quase estagnado.
Descias azuis escadas
com aquele teu chale verde.
Aquele chale de Stela
parecia feito d’água:
verde aguado, verde aguado.
Debaixo dos teus dois braços
trazias rosas molhadas.
Aquelas rosas de Stela
e Stela me perguntando
se a morte é cousa que passa.
Stela, que desconsolo.
Não sabes onde termina
a aurora de tua presença.
No tempo, se é que existes,
só ficarás peregrina.
Como pesa: Stela e eu.
Hilda Hilst, Baladas
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