Estou sozinha se penso que tu existes.
Não tenho dados de ti, nem tenho tua vizinhança.
E igualmente sozinha se tu não existes.
De que me adiantam
Poemas ou narrativas buscando
Aquilo, que se não é, não existe
Ou se existe, então se esconde
Em sumidouros e cimos, nomenclaturas
Naquelas não evidências
Da matemática pura? É preciso conhecer
Com precisão para amar? Não te conheço.
Só sei que desmereço se não sangro.
Só sei que fico afastada
De uns fios de conhecimento, se não tento.
Hilda Hilst, Uma superfície de gelo ancorada no riso
Sem comentários