Sou um poeta
dionisíaco,
visionário,
resignado em seu destino
sedentário.
Sonho, como os pássaros
que se vão a cada alvorada
e adormecem, à música da aragem,
com seus violinos
na folhagem.
Envelheço
diante dos mesmos horizontes,
braços estendidos a abrigar
o cansaço dos viajantes
invejando-lhes o destino
sem coragem de ver
seus passaportes.
Um poeta
cumprindo sua missão: desabrochar
versos (como flores)
e encher de sons o espaço
como as ramagens
ao arco do vento.
J.G. de Araújo Jorge, Tempo Será