João de Deus – Minha mãe
Quando a minha alma estende o olhar ansioso
Por esse mundo a que inda não pertenço,
Das vagas ondas desse mar imenso
Destaca-se-me um vulto mais formoso:
É minha santa mãe! berço mimoso
D’onde na minha infância andei suspenso;
É minha santa mãe, que vejo, e penso
Verei sempre se Deus é piedoso.
Como línguas de fogo que se atraem,
Avidamente os braços despedimos
Um para o outro, mas os braços caem…
Porque é então que olhamos e medimos
A imensa distância d’onde saem
Os ais da saudade que sentimos!
João de Deus, Cinco séculos de sonetos Portugueses