Ei, menina,
olha esse barulho de mar,
esse bom
cheiro no
ar.
É seu?
Bem, menina,
que bom te ter aqui.
Me conta dos seus medos,
que eu te falo dos meus.
Senta comigo,
menina,
me deixa te conhecer.
Você veste esse sorriso perfeito,
mas
para te gostar quero saber
da sua imperfeição.
Veste as suas
que eu visto as minhas
boas, às vezes tolas,
intenções.
Menina,
te acho
linda.
Seu nome parece moldura
para o quadro
que é você.
Com esse estilo todo
“cê sabe muito bem”
que a gente se entendeu com a vida
apesar do
vai
e
vem.
Larga esse cabelo seu
e
me conta da vida
“o que é que deu?”.
Quero saber sua história
além
da que você gosta de contar.
Quero o livro inteiro,
quero ler o título,
amar a capa,
ser pego pelas orelhas
e me apaixonar pela sinopse.
Quero ler as considerações finais.
Quero saber do rascunho que não entrou,
não só dos capítulos principais.
Poesia bem vivida
é a que se inicia
no meio da nossa vida
e só termina
quando a gente
qu
(então, vem).
João Doederlein, O Livro dos Ressignificados
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