a pureza do vôo: a humidade da conversa
e o ruído inhabituel da escuridão.
as cartas que a noite reunia não possuíam
invólucro. interrogações mudas e o
desdobramento da memória. a fadiga
do barco apenas obedecia ao dia
e seus tijolos. a emoção procurava
a palpitação da escrita. o paraíso útil,
a desenhada frase e o dilacerado horizonte
esclarecem a magra fertilidade da conversa.
ao longo da lírica cadeia contemplativa
não havia percepções para a escuridão.
e instantes para a fissura da escrita.
janela milenária.
o horizonte da escrita preocupava-se
em incorporar na doçura da medalha
fraccionada a emoção da inarticulação
de interrogações mudas.
inclinadas células. o declínio da amostra
figurada. contra a ruptura do limiar da
metamorfose estava a plenitude do
equinócio oferecendo a transparência
da memória. a indiferente substância
das músicas na excessiva dilatação
da lucidez e silenciosa arquitectura:
e a língua activa limitava-se
a brilhar entre expressões atrofiadas.
João Maimona, Lugar e origem da beleza
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