Suam no trabalho as curvadas bestas
E não são bestas, são homens, Maria!
Corre-se a pontapé os cães na fome dos ossos
E não são cães, são homens, Maria!
Pisam-se as pedras na raiva dos tacões
E não são pedras, são homens, Maria!
Feras matam velhos, mulheres e crianças
E não são feras, são homens, Maria!
Crias morrem à míngua de leite
Vermes nas ruas esperam caridade.
E não são crias nem vermes
São os filhos dos homens, Maria!
Bichos espreitam nas cercas de arame farpado
E também não são bichos, são homens, Maria!
Do ódio e da guerra
Cresce no mundo o girassol da esperança…
Ah! põe as mãos
Põe as mãos e reza…
Reza, Maria!
José Craveirinha, Poesia em Moçambique
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