Mas o que é que se agita
nas roscas do teu ventre
e faz dele um ninho
vivo de serpentes?
Mas o que é que desliza
por teus braços acima
e lhes põe uns coleios
de corda assassina?
Mas o que é que te morde
feroz os calcanhares
e se assanha mais
e mais ao girares?
À espada que
sobre os seios sustentas,
que João não quereria
curvar a cabeça
para a ver decepada
num prato, mas sempre
com os olhos cegos fitos
na dança do teu ventre?
José Paulo Paes, Socráticas