Podem ser densas, com um núcleo profundo:
nesse caso vão pesar toneladas
e irão se depositando
nos sucessivos subsolos da incompreensão.
Ou podem piscar, ser leves
capazes de interromper a luz
sem nenhuma certeza: nem elas sabem o que contêm.
Como quando meu filho levantou o olhar
à noite, para a janela
e perguntou: “Você está vendo isso?”
e eu disse: “Não. Sim. Não sei. O que é?”
e ele me disse: “Algo que está e não está
mas pelo menos você vê também”.
Laura Wittner, Tradução da estrada – Tradução, Estela Rosa, Luciana Di Leone