Não creias nela, coração, não creias nela.
Esquece a meiga voz, o doce encanto
Dessa mulher que esconde, assim tão bela,
A falsidade num doirado manto.
Não creias nessa gota que lhe estrela
A face, desconfia desse pranto.
Toma cuidado e foge da procela
A que te arrasta da sereia o canto.
Essa mulher te foi perjura e ingrata,
Esquece-a, coração, sê mais altivo
Ante a beleza que te avilta e mata;
Assim falei ao coração covarde;
Mas ele, o pobre, o mísero cativo,
Sentidamente respondeu-me: – É tarde.
Léo Lynce, Poesia quase completa
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