Curvo-me diante da vida
E das tempestades em mim.
Aceito que os estrondos gotejem
Sob a forma de lágrima sofrida.
Sigo sem rumo,
Esperando a bonança, ainda que breve,
Pois no meu caso, não há.
Há apenas o equilíbrio em um barco
Que insiste em naufragar.
Mesmo sendo a bonança
Uma lâmina de águas calmas,
Onde as almas não evoluem e não aprendem nada,
Eu me contento com a minha carga quase à deriva.
Sou capitão, marujo e bússola.
Caio, levanto, sofro, decido, aprendo;
Busco no céu a clemência,
Mas a tempestade é soberana e me toma o céu também.
A vida me obriga a remar,
Mesmo quando há vento contra,
Mesmo quando eu não acredito
Que existe sol para brilhar.
Eu bem que sou pura tormenta.
Entre falésias e angústias,
Procuro o farol ou o porto,
Para descarregar os meus gritos.
Coloquei todos no barco;
Cabeça, coração e tempo.
Mas a minha essência marinha
Não vê acordo entre eles.
E nesse barco que emborca,
Tumultos e ondas são o meu lar.
Só peço a Deus para ter sorte,
E meu braço um pouco mais forte,
Pois preciso navegar.
Lis Nogueira, 6universos