Lis Nogueira

Lis Nogueira – Navegante…

Curvo-me diante da vida
E das tempestades em mim.
Aceito que os estrondos gotejem
Sob a forma de lágrima sofrida.

Sigo sem rumo,
Esperando a bonança, ainda que breve,
Pois no meu caso, não há.
Há apenas o equilíbrio em um barco
Que insiste em naufragar.

Mesmo sendo a bonança
Uma lâmina de águas calmas,
Onde as almas não evoluem e não aprendem nada,
Eu me contento com a minha carga quase à deriva.

Sou capitão, marujo e bússola.
Caio, levanto, sofro, decido, aprendo;
Busco no céu a clemência,
Mas a tempestade é soberana e me toma o céu também.

A vida me obriga a remar,
Mesmo quando há vento contra,
Mesmo quando eu não acredito
Que existe sol para brilhar.

Eu bem que sou pura tormenta.
Entre falésias e angústias,
Procuro o farol ou o porto,
Para descarregar os meus gritos.

Coloquei todos no barco;
Cabeça, coração e tempo.
Mas a minha essência marinha
Não vê acordo entre eles.

E nesse barco que emborca,
Tumultos e ondas são o meu lar.
Só peço a Deus para ter sorte,
E meu braço um pouco mais forte,
Pois preciso navegar.

Lis Nogueira, 6universos

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