Amor, sou seu prisioneiro, por toda a vida
com gosto para sempre em sua escuridão
viver das escórias de seu sangue
pensar em seus hormônios
Cada dia o ritmo das batidas do seu coração
como flocos de neve de um riacho montanhoso
sou uma pedra de mil anos
mas você não ouve dia e noite
gota a gota que penetra em mim
Estou em você
apenas tateante na escuridão
com o vinho que você bebe
escrevendo versos, que buscam você
meu implorar é o implorar de um surdo pelo som
que do amor a dança e seu ventre me inebriam
No momento sinto
seus pulmões a abrir e fechar quando fuma
o ritmo que cresce, que cai, me surpreende
o veneno que você cospe vem do meu corpo
o que sugo é vento fresco, alimento da alma
Amor, sou seu prisioneiro, por toda a vida
como um bebê que não quer ir ao mundo
agarro-me ao calor de seu ventre
Respirar é respirar por você
Acalmar é acalmar por você
Oh! Ser prisioneiro como um bebê
no fundo de sua vida
álcool ou nicotina, não tenho medo
de que seu ser solitário me envenene
preciso muito de seu veneno, muito
Talvez, como teu prisioneiro
nunca veja a luz do dia
mas acredito
que meu destino é escuridão
enquanto eu estiver em você
tudo estará bem
Lá fora o mundo é brilhante, colorido
isso me dá medo
isso me cansa
meus olhares sentem apenas
em sua escuridão –
pura e indivisível
Liu Xiaobo, Não tenho inimigos, desconheço o ódio