ando louca de paixão
a arrastar meu olhar pelas pernas dos homens
para que então minhas volúpias se abram
debaixo das toalhas
úmidas
para que então as coxas enervem-se
a enredar as saias
e debaixo dos meus olhos
revele-se ele todo
envergonhado
e nu
(o pensamento, luxurioso, arranca as roupas)
ando às cachoeiras
sorrindo às escondidas
os lábios descasando-se a ruborecer a língua
a lamber como quem pinta vermelhos toscos
nas estranhezas do torso
a rasgar-se sob as pálpebras noturnas
deixando a uva vulva volver-se
veludo molhado.
Lorena Martins, Água para viagem