é a dor de um morto
as fotos guardadas
na caixa de sapato
é da cor do grito
e me ventila
sempre que insone desabo
pela casa
vazia
é uma ressaca
que quando me acorda
chora
seu nó na garganta
é um ensaio
que tardando para ir embora
adormece seu sonho
insalubre
é um soneto arredio
um sol que se põe
sobre mim
é um soco,
aaaaaaaaaaaaaaaaaum escândalo
sempre que desperto
e me vejo
partir.
Lorena Martins, Água para viagem
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