estou com a barba por fazer
tenho lido literatura latina e francesa
no meu casaco há uma piranha tua presa
durante a noite chega a melancolia
o meu caderno está cheio de folha vazia
minha garrafa d’água está meio cheia
está frio, então eu coloquei uma meia
o meu celular, faz tempo, tá bichado
as coisas são estranhas sem você do lado
tenho me acostumado a ser sozinho
hoje pela manhã fez um solzinho
fui assistir um show sem companhia
“na noite sozinha eu ria, mas crer eu não cria”
esqueci um pão em cima da geladeira
quando pequeno, adorava mamadeira
onde moro, há um gato e um cachorro
eu vivo em Curitiba e sequer tenho gorro
tenho vontade de conhecer o Rio
e gosto muito dos meus tios
Benedetti me encanta
eu nunca vi uma anta
não tenho cama, apenas um colchão no chão
sempre durmo com as cobertas sobre a mão
estou morrendo de vontade de uma caipirinha
sinto saudades de dormir de conchinha
é ruim deitar-se sozinho no inverno
anda em alta o meu instinto paterno
prefiro vinho branco
meu coração não pega mais no tranco
tenho ouvido muita música latina
sigo semanalmente uma certa rotina
às vezes tenho insônia
não sei que flor é uma begônia
meu apetite, enorme, desapareceu
o que é seu é meu, o que é meu jamais será teu
já fiz muito mal à alguém
acredito num além
completamente apaixonado por crianças
às vezes eu perco as esperanças
meu coração precisa de amor
e eu já te disse que sou professor?
Lucas Wisniewski, 6universos
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