Neste dia, confio, em pé
toque acetinado
carne carregará a tinta
Agora, é uma faca inteira
ritmando o relógio
diga ao dia:
—Crianças entre plantas,
ao sol
Afinal, ajeitar seu coração
e cravar no lugar
sem durex
Ele, pingente móvel,
um exercício
comum como um
boi pastando na secura
Sabe-se lá como vive
o dia de morrer
Na colheita esperada,
verde caule pode surgir:
aqueles estrumes guardando as peças
da arqueologia
Na música antiga
eu era o herói:
joãos e marias
todos éramos tudo de
novo
mais de uma vez
fazer de conta
no balbucio
na batalha do fio
em suas mãos
que éramos cem
que éramos sempre
mais do que vivos e
ultrapassamos as vistas do bedel
de fato, infantes que
decidiram olhar mais longe
as pedras são brilhantes palavras
máscaras são de arte
cai da mão,
tocará o chão:
confio
Pronunciá-las era tocar
De que pode servir esta história?
linha nova
lua nova
qualquer mundo
vai esvaecer
realize
É possível que venham do colar
restaurado
palavras espessas que caem no chão
____tornam o gancho firme
Fazem-nos ser este pingente e
órgão muscular
involuntário
azul de hoje:
Luciana Moraes, Tentei chegar aqui com estas mãos
Luciana Moraes (1993) é poeta, tradutora e revisora, graduada em Letras (Unirio). Integra a equipe Fazia Poesia e o coletivo Escreviventes. Participou da Oficina Experimental de Poesia (RJ). Tem poemas em revistas como Mallarmargens, Capivara, Sucuru, Arara, Aboio, Grifo, Cassandra, Torquato, Letras Salvajes e Kuruma’tá. Está presente em diferentes projetos como “Versão brasileira: a voz da mulher” – coletânea digital de poesia (2023 – RJ) – e “Coletânea Off Flip de Literatura – Poesia” (2023). Tentei chegar aqui com estas mãos é seu livro de estreia.
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