Quando ele morreu,
não pude acreditar:
andei pelo quarto sozinha repetindo baixo:
“Não acredito, não acredito.”
Beijei sua mão ainda morna,
tirei sua pesada aliança de prata com meu nome
e botei no dedo.
Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso.
Muita gente veio e se foi.
Olharam, me abraçaram, choraram,
todos com ar de uma incrédula orfandade.
Aquele de quem hoje falam e escrevem
(ou aos poucos vão-se esquecendo)
é muito menos do que este, deitado em meu coração,
como um menino que apenas dorme.
Lya Luft, O lado fatal