Eduardo:
O terceiro anjo espia entre meus galhos,
meu corpo feito árvore, madeira de barco.
Anjo esperado, logo um homem,
dramaticamente um homem, mas meu filho.
Meu corpo é teu chão, meu sangue é teu pasto,
teu olho escuro me interroga como se soubesses
muito mais coisas do que eu.
Não tenho respostas: tenho, como tu,
estranheza e perguntas, cumplicidade
e incerteza, vontade de proteger, e assombro
de pensar que o teu destino inteiro
já está nesta mão pequena
que aperta os meus dedos
como se, em vez de pedir apoio,
tu é que me conduzisses
— enxergando mais longe do que eu.
Lya Luft, Secreta mirada
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