Eu vinha aquela tarde pela terra
fria de sapos…
O azul das pedras tinha cauda e canto.
De um sarã espreitava meu rosto um passarinho.
Caracóis passeavam com róseos casacos ao sol.
As mãos cresciam crespas para a água da ilha.
Começaram de mim a abrir roseiras bravas.
Com as crinas a fugir rodavam cavalos
investindo os orvalhos ainda em carne.
De meu rosto viam ribeiros…
Limpando da casa-do-vento os limos
no ar minha voz pisava…
Manoel de Barros, Poesia completa
1 Comentário
Antonio Lauro de Oliveira Góes
10/08/2023 at 10:57É um poeta gigante,inconfundível,único,teluricamente lírico!!!