Eu queria a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã
Desapareceu com quem?
Procurem por toda à parte
Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã
Três dias e três noite
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário
Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos
Pecai com malandros
Pecai com sargentos
Pecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.
Manuel Bandeira, A Estrela da Manhã
1 Comment
Leonardo T. Oliveira
03/09/2024 at 08:48É “Eu quero”, não “Eu queria”.
É “toda parte”, não “toda à parte” (2x).
É “Que me importa!”, não “Que me importa?”.
É “Pecai com os malandros”, não “Pecai com malandros”.
É “Pecai com os sargentos”, não “Pecai com sargentos”.
É “Pecai com os fuzileiros navais”, não “Pecai com fuzileiros navais”.
E “comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples” é continuação do verso anterior, e não um novo verso.