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Manuel Bandeira – A estrela da manhã

Eu queria a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda à parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noite
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com malandros
Pecai com sargentos
Pecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás

Procurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.

Manuel Bandeira, A Estrela da Manhã

Tudo é Poema

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  • É "Eu quero", não "Eu queria".
    É "toda parte", não "toda à parte" (2x).
    É "Que me importa!", não "Que me importa?".
    É "Pecai com os malandros", não "Pecai com malandros".
    É "Pecai com os sargentos", não "Pecai com sargentos".
    É "Pecai com os fuzileiros navais", não "Pecai com fuzileiros navais".
    E "comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples" é continuação do verso anterior, e não um novo verso.

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Tudo é Poema