Mário Faustino – Divisamos assim o adolescente

Divisamos assim o adolescente, 
A rir, desnudo, em praias impolutas. 
Amado por um fauno sem presente 
E sem passado, eternas prostitutas 
Velam por seu sono. Assim, pendente 
O rosto sobre um ombro, pelas grutas 
Do tempo o contemplamos, refulgente 
Segredo de uma concha sem volutas. 
Infância e madureza o cortejavam, 
Velhice vigilante o protegia. 
E loucos e ladrões acalentavam 
Seu sonho suave, até que um deus fendia 
O céu, buscando arrebata-lo, enquanto 
Durasse ainda aquele breve encanto. 

 

Mário Faustino, O Homem e sua Hora e outros poemas