As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar…
E que importa se uns nossos artefatos
lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar…
E mesmo o cão que está ladrando agora
é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.
Não tanto… Alguém me há de ler com um meio-sorriso
cúmplice… Deixo pena e papel… E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo…
Mario Quintana, Apontamentos de história sobrenatural