Ah, essa gente que me encomenda
um poema
com tema…
Como eu vou saber, pobre arqueólogo do futuro,
o que inquietamente procuro
em minhas escavações do ar?
Nesse futuro,
tão imperfeito,
vão dar,
desde o mais inocente nascituro,
suntuosas princesas mortas há milênios,
palavras desconhecidas mas com todas as letras
misteriosamente acesas
palavras quotidianas
enfim libertas de qualquer objeto
E os objetos…
Os atônitos objetos que não sabem mais o que são
no terror delicioso
da Transfiguração!
Mario Quintana, Baú de espantos
1 Comentário
Maria Heloisa
17/06/2020 at 18:28Qual figura de linguagem o autor utiliza quando ele fala ‘arqueólogo do futuro’?