E como eu passasse por diante do espelho
Não vi meu quarto com as suas estantes
Nem este meu rosto
Onde escorre o tempo.
Vi primeiro uns retratos na parede:
Janelas onde olham avós hirsutos
E as vovozinhas de saia-balão
Como paraquedistas às avessas que subissem do fundo
do tempo.
O relógio marcava a hora
Mas não dizia o dia. O Tempo,
Desconcertado,
Estava parado.
Sim, estava parado
Em cima do telhado…
Como um catavento que perdeu as asas!
Mario Quintana, Antologia Poética