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Mario Quintana – O poema apesar de tudo

Às vezes faço poemas de um equilíbrio instável…
Cai, cai, balão!
(As prateleiras da estante estão olhando de dentes
arreganhados, compridos dentes de todas as cores
festivamente arreganhados)
Ah, o trabalho do poeta! Nem queiras saber…
É muito pior do que armar meticulosamente um
castelo de cartas,
ou uma Torre Eiffel com pauzinhos de fósforos ante a
janela aberta
(lá fora sorri sadicamente o Anjo das Tempestades).
E pensar que ainda há gente por aí que acha tão fácil
o milagre da Ascensão…
Mas ele não caiu
O poema desta vez não caiu…
Olha! o poema chispa como um sputnik!
O poema é a lua na amplidão!

Mario Quintana, Bau de Espantos

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