Sob o outono sem luz, nesta tarde amarela,
Uma rosa de Deus lentamente fenece
e se estorce de dor e agoniza na cela…
Lusco-fusco. Tristeza. O sol morre. Anoitece…
Tem quinze anos somente! é tão moça! é tão bela!
Com seus lábios sem cor balbucia uma prece.
Atira o último olhar através da janela:
vê a Vida lá fora e a lua que aparece.
Eis meus olhos ciriais velando-lhe a agonia,
Lentamente fenece e, assim, lívida e calma,
é uma santa do céu! Santa Melancolia!
Mas, súbito, na cela, um frêmito de ânsia corre,
E, no Claustro da Dor Imensa de Minh’alma,
Sóror Felicidade abre os braços e morre.
Mauro Mota, Poemas da Juventude