A chegada dos bois
ao bebedouro
me ensina a espera,
o tempo da água
no corpo da terra.
O boi
não precisa que o sonhem.
O boi bebe
e os olhos se enchem de céu.
A tarde, terrestre,
se ajeita à esteira,
mulher se oferecendo
ao trançar dos cabelos.
Um dia, me cumprirei,
findo e final,
como os bois se acercam do bebedouro.
Um dia,
serei bebido pelo céu.
Mia Couto, Poemas Escolhidos